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RELÓGIOS DE AREIA

GÊNESE DA AMPULHETA

A criação da ampulheta, também chamada relógio de areia, foi sem duvida uma decorrência natural da necessidade que o homem teve de possuir um aparelho transportável para medição do tempo. Realmente não é difícil imaginarmos os problemas que a falta de um marcador de tempo nessas condições ocasionava.
O relógio solar, muito embora já fabricado em dimensões reduzidas, não poderia satisfazer: a falta de Sol inutilizava-o de maneira total, alem disso os relógios de Sol não permitiam medições de períodos de curto tempo.
A clepsidra, que chegou a ser construída com notáveis aperfeiçoamentos, não se prestava evidentemente para ser levada no dorso dos camelos, pelas caravanas, ou nas carretas que acompanhavam um exercito; o sacolejar constante desses meios de transporte, em suas peregrinações por planícies, vales ou montanhas, tornava de pouco e em muitos casos nenhuma valia o relógio hidráulico, que pela sua própria constituição era nada pratico e de escassa possibilidade de ser usado com êxito nesses casos.
Muito embora a ampulheta não se prestasse a uma marcação efetiva das horas do dia, cobria perfeitamente a necessidade de se controlar serviços a serem executados em um determinado espaço de tempo e isto, evidentemente, era necessário em qualquer parte ou qualquer período do dia ou da noite.
O desenvolvimento da fabricação do vidro, alguns séculos antes da era cristã, provavelmente gerou a idéia da criação de uma clepsidra transportável, toda fechada, à prova de vazamento, certamente constituída, como era tradicional, por dois vasos um em sentido superior ao outro e ligados internamente por um orifício por onde água escoasse. Daí a substituição da água pela areia e desenvolvimento do desenho da ampulheta, como hoje a conhecemos, terá sido um passo natural, uma vez que a areia, constituída de partículas sólidas, sem duvida se apresentava como o material ideal para esse fim devido à sua mobilidade e estabilidade elevada em relação à água das clepsidras.
Muito embora alguns historiadores considerem o filósofo Platão, discípulo de Sócrates, como o autor do mais antigo relógio de areia, ampulheta para uso noturno, isto por volta do ano 400 a.C., e outros atribuíram ao sábio grego Aristóteles a criação da primeira ampulheta, pelo ano 250 a.C., deve-se crer que os egípcios foram autores da invenção, uma vez que a eles se atribui a descoberta da fabricação do vidro, pelo ano 2500 a.C., e o posterior desenvolvimento de sua produção, assim como a invenção do “cachimbo” para soprar o vidro, que permitiu a fabricação de recipientes ocos; além disso a presença próxima de desertos, com suas areias finas e secas, poderia muito bem ter sido mais um elemento a sugerir aos egípcios essa descoberta,
A ampulheta, em ultima analise, nada mais é do que uma clepsidra, na qual ao invés de se usar água, emprega-se areia para a medição de um espaço de tempo. Os romanos a denominaram “ampulla” que significa em nosso idioma, âmbula, vaso ou redoma.
O relógio de areia pe constituído de dois recipientes cônicos, de vidro, ligados pelos vértices que possuem um orifício interligando as duas câmaras. São as duas âmbulas ou recipientes montadas em uma armação de madeira ou metal, formando um conjunto uno transportável. Um dos recipientes é cheio e areia fina e perfeitamente seca.
Ao colocar-se a ampulheta em sentido vertical, com o recipiente superior cheio, a areia passará lentamente pelo orifício dos vértices e cairá no inferior.
A marcação do tempo é o período que a areia demora para passar de um vaso ao outro; espaço de tempo esse previamente determinado, por ocasião da construção do aparelho, levando-se em conta os seguintes fatores: dimensão das âmbulas, quantidade de areia dentro da âmbula, dimensão do orifício que liga as âmbulas e finalmente o grau de granulação da areia.
Terminada a marcação de um período, pela passagem total da areia, é o bastante inverter-se a posição das âmbulas, simplesmente virando-se a ampulheta, para que ela novamente funcione, iniciando um novo ciclo de marcação.
Os períodos de tempo registrados pela ampulheta apresentam uma precisão relativa, considerada razoável para determinados fins. Ela foi empregada especialmente quando se tratava de medições de curta duração, uma vez que sua pouca precisão não permitia observações de maior amplitude. Tinha no entanto características importantes e valiosas: era facilmente transportável e seu manejo muito simples, podendo ser usada em qual quer lugar com muita comodidade.
Esse instrumento, realmente pratico, teve o seu uso tão difundido que não há exagero em afirmar-se ter sido o medidor de tempo mais empregado na antiguidade.
Devido ao seu desenho característico e equilibrado foi preferido por artistas de todas as épocas para representar o escoar continuo e interminável do tempo.

DIFUSAO, AMPULHETAS ARTÍSTICAS

Inicialmente as ampulhetas eram fabricadas para registrar apenas frações de horas, posteriormente chegaram a ser produzidas com maiores dimensões, marcando até uma hora ou mesmo mais.
Com sua grande difusão chegaram a estar presentes muitas vezes sobre o púlpito das igrejas, a fim de indicar ao pregador o tempo de seu sermão, assim como nos tribunais para determinação do tempo que os advogados dispunham para os interrogatórios.
Foi também usada a bordo, em combinação com a barquinha, para avaliar-se a velocidade do navio e até bem pouco tempo atrás alguns professores ainda a usavam nas escolas, para indicar visivelmente o tempo destinado às provas de exame ou a uma lição oral.
Por volta do ano de 1550 os jovens de Augsleny adotavam a moda de carregar a sua ampulheta amarrada ao joelho.
Uma das ampulhetas mais famosas foi a que pertenceu a Napoleão; era um belíssimo exemplar com armação de bronze artisticamente cinzelado e bojos de finíssimo cristal.
Em 1727 o conde Prosper inventou interessante relógio de areia: os seus vasos eram constituídos por longos tubos de vidro, sobre os quais achavam-se gravadas as horas e suas subdivisões.
Além das ampulhetas simples, fabricaram-se também as compostas, a fim de prolongar-se a duração do seu funcionamento; para isso reuniam-se uma série desses aparelhos em uma só armação, de forma que se poderia usá-las consecutivamente.
Na igreja de Anamerbach, próximo a Iena, na Alemanha, existe um interessante relógio de areia, que data do século XVI; sua armação é toda construída de ferro forjado, possuindo 4 ampulhetas de vidro justapostas. É considerada uma verdadeira obra de arte, e demonstra bem o carinho que nessas pretéritas épocas se dispensava a esses marcadores de tempo.
De acordo com a dimensão das ampulhetas, elas funcionavam um quarto de hora ou mais, permitindo assim constatar-se uma subdivisão de hora, durante o funcionamento do conjunto.
No decorrer de longo período, e mesmo nas proximidades da nossa época, a construção de ampulhetas seguia um curso normal; até poucas dezenas de anos atrás ainda se entravam à venda, nas casas comerciais do ramo, ampulhetas de diversas dimensões, desde 1 minuto até 1 hora.
No tempo de nossos avós eram aplicadas em usos domésticos, por exemplo, na cozinha, serviam para marcar o tempo do cozimento de ovos e de outros alimentos.
Também tiveram sua aplicação na medicina e prestaram bons serviços junto a algumas redes telefônicas, onde se destinavam a medir a duração das comunicações interurbanas ou para outros casos semelhantes.
Foi um instrumento que atraiu muito mais a atenção dos artesãos de todos os tempos que a clepsidra ou relógio solar; eles esmeravam-se em sua construção e ao redor do seu desenho tradicional, que todos nós ficamos conhecendo desde pouca idade, os artistas se aplicavam, nos seus mínimos detalhes, apresentando verdadeiros e primorosos trabalhos de arte executados em muitos estilos.
Nos seus bojos foram usados desde o vidro mais rudimentarmente fabricado até ao mais fino e translúcido cristal. Em suas armações aplicavam-se os mais variados materiais, desde a madeira rústica à madeira de lei cuidadosamente entalhada, assim como mármores, ferro batido, bronze, prata e ouro finalmente cinzelados.
Ainda hoje é a ampulheta um elemento decorativo dos mais expressivos e sua presença marca o simbolismo do tempo.
É de todos conhecida a figura esquálida e anciã que sobraça a ampulheta ou a mostra como a querer que todos vejam e saibam que o tempo, a quarta dimensão, é algo que escoa de maneira continua e irreversível e os segundos, minutos, horas, dias semanas, meses e anos vão se sucedendo e modificando a face das coisas e dos homens, de forma absolutamente inapelável e que foge inteiramente ao controle desse mesmo homem, que tanto conseguiu e certamente conseguirá, mas que dobra ante à ação do tempo.