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Street Fighter

No início da era arcade não existiam jogos ousados de luta, somente títulos que permitiam socos e chutes repetitivos. Os games eram legais, porém não apresentavam variações de golpes e tinham péssima jogabilidade, como o clássico Yie Ar Kung, da Konami, que foi lançado há mais de 22 anos. Por isso, o número de gamemaníacos e fãs de pancadaria virtual era restrito e somente os fanáticos encaravam estes games. Mas tudo mudou quando Street Fighter 2 foi lançado ao mercado, pois nenhum game de pancadaria apresentou jogabilidade de alto nível e grande variedade de golpes como ele. Além disso, foi tanta a febre no ano de seu lançamento, que mesmo as pessoas que gostavam de luta foram atráidas pela nova jogabilidade.

A explosão da luta virtual

Mas o sucesso de Street Fighter não veio por acaso. A Capcom, a criadora do game, estudou minuciosamente os jogos que já estavam no mercado antes de trabalhar num projeto próprio. E isto aconteceu alguns anos antes do lançamento da primeira versão, em meados de 1985. Dois anos depois, o primeiro Street Fighter chegou aos arcades e não impressionou muito. O título era muito simples e estava restrito por causa das limitações tecnológicas da época. Ele tinha poucos personagens e golpes e não era nenhuma novidade.
Na época, os programadores da Capcom, liderados por Yoshiki Okamoto, tinham muita dificuldade de produzir um game que reconhecesse rapidamente os diferentes comandos de um joystick. O resultado disto eram falhas constantes de golpes que não saiam no momento desejado e outros bugs. Era uma batalha contra os botões e nervos.
Mais tarde, a equipe da Capcom desenvolveu uma placa especial para arcade, chamada CPS. Foi uma variação do sistema utilizado em Final Fight, jogo de pancadaria na qual os heróis devem encarar centenas de bandidões que surgem nas ruas da cidade. Esta placa permitiu com que os programadores pudessem desenvolver um game mais rápido, com maior capacidade e o principal: respostas rápidas para joysticks complexos.
Em março de 1991, a Capcom lança o segundo Street Fighter usando o novo sistema. Na verdade, Street Fighter 2 não era exatamente a sequência do primeiro, pois trouxe uma jogabilidade totalmente nova. Somente a estrutura de energia e alguns detalhes foram aproveitados do anterior. Neste lançamento, os controles ficaram precisos e reconheciam frações de segundos, apertos duplos de botões e outros recursos. Além disso, o game trouxe gráficos caprichados e oito lutadores diferentes para escolher, cada um com movimentos e golpes personalizados.

Jogabilidade Inédita

Tudo isto foi o suficiente para explodir no mercado de games, foi a sensação que liderou o mercado de jogos de luta durante vários anos. O interessante é que inicialmente o game só estava disponível nos arcades e não tinha nenhuma versão para os consoles domésticos da época como o Super Nintendo (o Super Famicom japonês) e o Mega Drive. Por causa disso, as casas e lojas de jogos eletrônicos viviam lotadas de gamemaníacos.
O título fes tanto sucesso que se tornou inspiração para os jogos que saíram alguns meses depois, como Fatal Fury, da SNK, e Mortal Kombat, da Midway. Ambos traziam ingredientes semelhantes na jogabilidade como poderes especiais, personagens variados e movimentação bastante parecida.
Confira os quadros ao lado e fique por dentro das versões, variações e os melhores Street Fighters que foram lançados no mundo dos games.

Residente Evil 2 Nintendo 64

O ataque dos zumbis sanguinários

Jogar Residente Evil 2 é uma experiência monstruosa. É tanto sangue, tiro e zumbis pra todos os lados que chega uns momentos em que você começa a ficar tenso. Principalmente naquelas horas em que os mortos-vivos se amontoam em cima de você, que sai arrastando a perna logo na sequência. Isso quando sai vivo.
Residente Evil 2 impressiona e muito pela qualidade. Usando o Cartucho de Expansão de
Memória (que é opcional neste jogo) você vê os cenários de fundo totalmente definidos e cheios de detalhes e a movimentação dos personagens é perfeita.
Além disso. Residente Evil 2 vem com umas coisas diferentes da versão para Playstation. Aqui há um controle do nível de violência. Pra que isso? Para reduzir de maneira considerável as cenas mais grotescas, se você tiver estômago fraco ou não quiser que seu filho as veja, por exemplo. Este dispositivo não altera o nível de dificuldade do game, apenas atenua as cenas mais pesadas. Também dá para mudar a cor do sangue para azul ou verde.
O que pode complicar um pouco sua vida no início do jogo é a jogabilidade. Não que ela seja ruim, mas é diferente de qualquer game que já saiu para N64 e então dá certo trabalho para se adaptar. Mas você consegue. O som – ou o silêncio – só ajuda a criar um clima ainda maior de terror o que faz com que você se sinta ainda mais dentro de um filme.

Só uma vez não é o bastante

Resident Evil 2 não fica só numa aventura simples com um personagem. Para terminar o game de verdade você precisa suar a camisa. Se liga nessa: terminado o jogo com Leon no Cenário A, você libera o roteiro da Claire B e vice-versa. O negócio então, é terminar o jogo com cada um deles três vezes, ou seja: você vai jogar seis vezes. Isso rola para quem quiser pegar todos os itens especiais e se fizer tudo certinho, você libera o personagem Quarto Sobrevivente. Jogue com ele e viva uma aventura paralela a Resident Evil 2. É uma história menorzinha, com final diferente e tudo o mais. Quer dizer: para zerar o cartucho de verdade, muitos zumbis terão que morrer.
E para se dar bem, procure nunca desperdiçar munição. E não se esqueça que, na tela de itens, você pode combinar armas utilizando a opção Comb. É legal porque dá para deixar suas armas mais poderosas. E não se esqueça de vasculhar cada canto dos cenários em busca de objetos e remédios. Então o negócio é mãos à obra e sebo nas canelas, porque os zumbis estão famintos por um cérebro! O seu pode ser um deles.

Os Melhores Jogos

Destaca-se aqui as quatro versões mais animais e que apresentam a melhor jogabilidade entre todos entre todos os títulos da série Street Fighter. Confira os detalhes de cada jogo.
Street Fighter Alpha 3 – este jogo é considerado por muitos gamemaníacos o melhor título da série Street Fighter. Ele traz todos os lutadores dos títulos anteriores e alguns personagens inéditos. Além disso, novos modos de combate entraram em cena para aumentar a emoção da pancadaria.
Super Street Fighter 2 X – ainda com gráficos menos detalhados e lutadores com aparência mais velha, esta versão permite escolher 16 personagens diferentes. Os lutadores tem menos golpes do que os personagens da série Alpha, porém neste game é mais difícil apelar contra o adversário.
Street Fighter EX3 – é a única versão “EX” que não desapontou, muito pelo contrário. Ela é exclusiva do PS2 e trouxe uma jogabilidade diferente e combates no estilo Tag, na qual você pode chamar um segundo lutador para o combate. O visual é em 3D e muito rico em detalhes. Alguns personagens exclusivos aparecem aqui.
Capcom Vs. SNK 2 – o jogo mais recente de pancadaria. Ele misturou os lutadores da Capcom, a maioria é da série Street Fighter, com os guerreiros da produtora SNK. O título tem jogabilidade um pouco parecida com a da série Alpha. Além disso, é o único que traz seis Grooves (golpes especiais e sequencias) diferentes para cada lutador. É muito animal!

Street Fighter Mexido

Enquanto Street Fighter 2 fazia sucesso nos arcades, um grupo de hackers desenvolveu uma versão alternativa de Street Fighter para o NES, o Nintendinho de 8 bit. Batizado de Street Fighter 3, o jogo trouxe oito lutadores e golpes muito simples. Por causa da limitação do console, os lutadores ficaram muito pequenos (um pouco maiores do que o Mario Bros) e não agradou nem um pouco.

A Evolução da Série

Desde o lançamento do sucesso de Street Fighter 2, surgiram várias versões diferentes, algumas com mudanças simples no visual e outras com fortes modificações na jogabilidade. Saiba os principais detalhes sobre todos estes estilos:
Turbo – uma versão acelerada de Street Fighter 2, Street Fighter Champion Edition e outros. O turbo aumentou a velocidade do jogo inteiro, inclusive os golpes especiais e figurantes dos cenários (ficou meio estranho). Na versão do Super Nintendo, por exemplo, o usuário pode escolher a velocidade desejada.
Hyper Fighting – a Capcom melhorou os cenários do game e incorporou novos golpes em todos os personagens. Isto deixou os lutadores mais equilibrados. O que mais chamou a atenção foi a nova “bolinha” do Blanka e a magia da Chun Li.
Super – além dos chefões da versão Champion Edition, foi possível escolher mais quatro novos lutadores e usar os golpes inéditos da versão Hyper Fighting. E ainda, aumentar a velocidade do game. A série Super apresentou pela primeira vez, o poderoso lutador Akuma (Gouki).
Alpha – além dos gráficos mais detalhados, os lutadores receberam mais quatro nas animações e cenários. E ainda, Ryu e Ken ficaram diferentes entre si, com golpes bem particulares, como Shoryukens e magias. Em 1995, o PS1 recebeu a primeira versão Zero, a Alpha do Japão.
EX – no embalo dos arcades de luta em 3D, como Virtua Fighter, da Sega, a Capcom produziu uma série batizada de “EX” desenvolvida com gráficos poligonais. Todos os games foram desastrosos, exceto a versão do PS2 que foi lançada no ano de 2001 que surpreendeu os fanáticos pela série com um dos melhores visuais.

Nelson Cavaquinho

Naquela noite, Nelson Cavaquinho tentara compor. Sentira a inspiração – companhia cada vez mais rara nos últimos tempos – brotar em seu peito. Precisava registrar aquela música. Já não podia confiar na memória. Pediu papel e caneta para a esposa. Esforçou-se ao máximo que pôde, mas tudo o que conseguiu foi fazer alguns rabiscos. A mulher, Durvalina, sentiu um arrepio: até parecia que o marido estava conversando com Deus. Cansado, deitou e adormeceu. Na madrugada do dia 18 de fevereiro de 1986, ele morria, vítima de enfisema pulmonar. Aos 74 anos, sua foz rouca se calava. O compositor agora chamava-se saudade.
Era o fim de uma vida boêmia, passada de bar em bar, em rodas de samba, entre uma e outra dose de cachaça. Também terminava ali a trajetória de em compositor fecundo, criador de músicas que nem sempre tiveram seu valor reconhecido. Morreria uma figura lendária, um artista que numca se preocupou em divulgar sua arte. Para ele, sua música era feita para ser cantada com os amigos, para transmitir suas crenças de vida, as desilusões amorosas, as tristezas e amarguras. Se lhe pagassem por isso, muito melhor. Se não, tudo estaria bem do mesmo jeito.
Primeiro o cavaquinho, que lhe troxera o apelido, depois o vilão. De qualquer maneira, a música tinha sido sua fiel companheira de toda a vida. A única que nunca o traíra, que nunca criticara seu jeito de ser, que não questionara suas decisões. Quando todos o abandonavam, ela estava ali, amante perfeita, consolo ideal. Também na morte ela o acompanhava: talvez em seu último suspiro ainda pudesse ouvir a composição derradeira, aquela que não conseguira escrever.

Quedas de Chorões

Juntamente com a música – tocada aos domingos pelo pai e pelo tio – as constantes mudanças da família estariam entre as lembranças mais antigas de Nelson Cavaquinho. Filho de família pobre, Nelson Antônio da Silva iniciaria sua vida seminômade pelo Rio de Janeiro em 29 de outubro de 1911, data de seu nascimento. Fugindo do aumento de aluguéis, a família primeiro mudaria da rua Matiz e Barros para a Silva Manuel, na Lapa. Depois, para a rua Joaquim Silva, nos Arcos, e daí para uma temporada no subúrbio de Ricardo Albuquerque. Finalmente estabelecida no bairo da Gávea.
O menino ia crescendo solto na rua, entre as peladas, as bolinhas de gude e as perseguições aos balões. Aos sete anos de idade, um acontecimento marcaria para sempre sua vida: a gripe espanhola, que assolou a cidade do Rio de Janeiro. “A gripe pegou todo mundo, em casa nós também ficamos gripados, mas ninguém morreu nessa ocasião. Mas foi terrível: não tinha mais lugar nos cemitérios, os caminhões passavam todos lotados de cadáveres.” Em seguida, os problemas financeiros da família abreviariam sua infância. Nelson deixava a escola no terceiro ano primário, para trabalhar numa fábrica de tecidos e depois como auxiliar de eletricista. Alteração que seria malvista: os estudos não o atraíam, em vez das aulas preferia enganar o irmão e ir visitar os aquários públicos.
Ainda moleque, Nelson entrava em contato com a malandragem carioca, transbordante de poesia e sonoridades. Na Lapa, Nelson ficaria amigo de famosos e famigerados valentes, como Brancura, Edgar e Camisa Preta. Na adolescência, chegaria à Gávea, onde entraria em contato com os chorões e suas músicas. Fascinado com a perícia dos grandes mestres do cavaquinho, ia espiando e aprendendo os truques do instrumento. Perguntava para um, conversava com outro. Sem dinheiro para comprar um cavaquinho, treinava quando conseguia emprestado de alguém.
Os eventos normalmente freqüentados pelo jovem Nelson eram os bailes dos clubes Gravatá, Carioca Musical e Chuveiro de Ouro. Aí conheceria outros músicos decisivos em sua formação, como Edgar Flauta da Gávea, Heitor dos Prazeres, Mazinho do Bandolim e o violonista Juquinha. Deste último, receberia importantes noções de como tocar cavaquinho. Seria nessa época que Nelson adquiriria um costume que viria a se tornar sua marca: tocar apenas com dois dedos.
Mesmo sem um cavaquinho para treinar ou condições de pagar um professor, Nelson demonstrava habilidade natural para o instrumento e não demoraria até que conseguisse “dar uma queda” até mesmo nos velhos tocadores. “Eu tinha uns 16 ou 17 anos e cada vez mais vontade de tocar cavaquinho. Havia um conjunto integrado por juquinha, Mazinho, Filhinho e Eugênio. A principio eles não me levavam muito a sério. Aproveite então o dom que Deus me deu e fiz um choro, Queda. Então toquei pela primeira vez e comecei a ser respeitado como músico. Daí para frente, era sempre chamado para fazer shows. Ganhava cinco mil-réis cada vez que tocava. Trabalhava de ajudante de eletricista, mas enganava meus velhos e ia para a rua Conceição, onde se reuniam os músicos Eduardinho, Romualdo Miranda e Luperce Miranda. Ali ficava feliz em vê-los tocar.” Com pena de ver Nelson tocando tão bem em instrumentos emprestados, Ventura, um jardineiro português, lhe daria de presente o primeiro cavaquinho.

Rondas na Mangueira

Em 1931, Nelson conheceu Alice. Meses depois, arrastado até a delegacia pelo pai da moça, casava-se com ela. Sem emprego, sem inclinação para nada que não fosse a música e repentinamente elevado à categoria de homem sério e com família, Nelson foi socorrido pela família. O pai falsificou sua idade (tinha 20 anos, mas nos documentos passava a ter 21) e arrumou para ele um posto como cavalariano da Polícia Militar.
Se a família achou que a disciplina do quartel mudaria os hábitos boêmios de Nelson, o tempo se encarregaria de mostrar que estavam todos enganados. A sorte se punha a seu lado e transformava os acontecimentos de maneira a, mais uma vez, aproximá-lo da música. Todos os dias, Nelson pegava seu cavalo, Vovô, e subia o morro da Mangueira para a patrulha. Chegando lá, a rotina era sempre a mesma: parar de bar em bar, fazer amizade com os sambistas do lugar, tomar umas e outras.
Nelson ficaria amigo dos sambistas e a Estação Primeira de Mangueira conquistaria para sempre seu coração. Faria amizades com Carlos Cachaça, Zé da Zilda, Carlota.
“Conheci Carlota na quadra da Mangueira. E, no nosso primeiro encontro, teve um caso interessante. Na época, era polícia e estava de ronda pelo morro. Aí, resolvi parar numa tendinha e dexei amarrado na porta o cavalo, e olha, fiquei tanto tempo conversando com o Cartola, que quando saí da birosca, cadê o animal? Tinha sumido. Fiquei apavorado. E resolvi, assim mesmo, voltar para o quartel. Não é que quando chego lá dou de cara com o cavalo na estrebaria? O danado parecia que sorria para mim pela peça que pregou.” Muitas das histórias de Nelson e seu cavalo Vovô acabariam fanzendo parte do folclore do samba. Além do episódio do sumiço, Nelson costumava contar que Vovô conhecia todas as biroscas da Mangueira e era assíduo consumidor de cachaça. “Ele ficava na porta do boteco, batendo com a pata no chão, até que o dono do bar levasse um pouco de pinga para ele.”
Amigo de toda a população do morro, sua patrulha até que era eficiente. Quando encontrava alguma encrenca, na prendia: conversava com os envolvidos e resolvia a questão. O contato com o ambiente da Mangueira fazia com que Nelson mergulhasse cada vez mais no samba. E na boêmia. Continuava a passar dias longe de casa. Faltava ao trabalho e era punido com detenção. “Eu ia tantas vezes em cana que já estava até me acostumando com xadrez. Era tranqüilo, ficava lá compondo, entre as músicas que fiz no xadrez está Entre A Cruz e a Espada.”

Enfim, a Música

Em 1938, antes que fosse expulso da corporação, Nelson conseguiu baixa. Na mesma época, separava-se da mulher. Finalmente estava livre para levar sua vida como bem entendesse, para se dedicar à boêmia e à música. Sem cobranças, nem recriminações. Sem dinheiro, habituou-se a ir à praça Tiradentes vender seus sambas por verdadeiras ninharias. Pouco importava se o exploravam, se suas criações não eram gravadas. Estava compondo, tocando e cantando. Estava feliz.
E assim Nelson Cavaquinho passaria boa parte da sua vida: de bar, praticamente desconhecido. Nos anos 60 seria descoberto pelo grande público, gravaria alguns discos, receberia homenagens por sua contribuição à música brasileira. Nada disso mudaria seu jeito simples de ser, sua ingenuidade e seus prazeres prosaicos.
Na década de 50, trocou o cavaquinho pelo violão. “Achava o instrumento muito pequeno.” Mas não deixou a maneira de trocar com o ppolegar e o indicador que sempre impressionou instrumentistas como Paulinho da Viola, Turíbio Santos e Egberto Gismonti. Como compositor, notabilizou-se pela melancolia de sua poesia. E pela constância da morte em sua temática. “ Sou um homem que muito perto da fatalidade. Minhas músicas, por isso, falam sempre em morte e em Deus, não faltando os amores fracassados.”
Com repertório de mais de 600 composições (a maioria das inéditas ou esquecidas, pois dificilmente o músico as escrevia, preferindo guardá-las na memória), Nelson Cavaquinho criava de madrugada, nas mesas dos bares, com o violão e um copo de cerveja ou cachaça. “Nunca fiz samba por encomenda, por isso jamais vou compor um samba-enredo. Acho horrível você ter de fazer aqueles lá-lá-lá e oba-oba obrigatórios na linha melódica das escolas de samba. Faço músicas para tirar as coisas de dentro do coração. E foi assim desde o dia em que fiz meu primeiro samba.”
Aos poucos o menestrel das ruas foi envelhecendo. Os cabelos tornaram-se brancos, as rugas ficaram mais profundas. Com medo de ser problemas de saúde, parou de beber e de fumar. Já não mais varava as noites em claro, não desaparecia por dias seguidos. Mas continuava com o violão. Todos os dias, abraçava-o carinhosamente, com seu estranho hábito de tocá-lo quase na vertical. As composições foram rareando, no entanto, persistiram até o fim. Eram o sentido de uma poesia. Sua saga, seus amores, seus fracassos foram registrados em versos e melodias. Tornaram-se imortais. Assim como seu criador.
Nelson Cavaquinho nasceu com a música nas veias. Cresceu entre a musicalidade do pai, Brás Antonio da Silva, tocador de tuba na Polícia Militar, e o violino do tio Elvino. Nas tardes de domingo, a família se reunia, o tio tocava, todos cantavam e, ainda menino, Nelson tentava acompanhá-lo num instrumento de fabricação caseira: uma caixa de charutos com alguns arames esticados. “Aí é que começou a nascer essa parte da música para mim”, recordava o compositor, com saudades.
Apesar das dificuldades financeiras, Nelson guardaria boas lembranças dos cuidados do pai e dos carinhos da mãe, Maria Paula da Silva. “Minha mãe era lavadeira no Convento de Santa Teresa. Eu me lembro de que gostava muito da comida do convento que ela muitas vezes trazia numa lata para a gente. Éramos muito irmãos: Iracema, a mais velha, Arnaldo, João, eu, Atalírio e José.”
Mesmo sem dinheiro ou profissão definida – e nem muita inclinação para o trabalho – aos 20 anos, Nelson casava-se com Alice Ferreira Neves. “Meu casamento foi na política e eu estava numa situação tal que a minha madrinha me deu um sabonete de presente pra eu poder tomar banho. Eu não tinha nada, nada.” A partir daí, sua vida de boêmio, se fuincionava como i motor de sua criação, também seria motivo de muitos desentendimentos familiares.
Nem a condição de casado mudaria alguns de seus hábitos. Os filhos iam nascendo (seriam quatro ao todo), e Nelson continuava a passar dias seguidos longe de casa, voltando apenas quando o dinheiro acabava. As brigas eram constantes, assim como os cavaquinhos e violões quebrados. Sem poder conviver com o marido, Alice se separaria de Nelson.
Separado de Alice, Nelson também se afastaria dos filhos. Mergulhado de vez na boêmia, teria vários relacionamentos, a maioria terminando antes mesmo de começar. Até que, já com mais de 50 anos de idade, conheceria Durvalina, trinta anos mais moça do que ele, mãe de Márcia (que o compositor passaria a criar) e sua companheira pelo resto da vida. “Ela sabe me agüentar na velhice. Teve uma mulher certa vez que veio aqui para a minha casa e quis empenhar tudo. Fiquei assustado. Quando essa veio para cá, vendeu um barraco que tinha em Manguinhos e ainda botou um milhão na minha mão. Por isso, tudo o que está aqui vai ficar para ela.”

A Boêmia da Canção

Ele já ultrapassara a barreira dos 70 anos e as homenagens paravam de acontecer. Aonde quer que fosse, era cercado por pessoas que conheciam sua música e aplaudiam seu talento. Feliz com a situação – afinal, não era ele autor dos versos “Se alguém quiser fazer por mim, / Que faça agora / Me dê as flores da vida / O carinho, a mão amiga”? – Nelson Cavaquinho não recusava nenhum convite, nenhum espetáculo. Tão satisfeito em cantar para a platéia que o ouvia nas salas de espetáculos, quanto estivera ao se apresentar no Zicartola ou na mesa de um bar. Não fazia diferença. O que importava era mostrar sua arte, mostrar as canções que falavam tanto de si, de seus sofrimentos e desilusões.
Sempre fora assim. Desde que decidira viver da música, compondo e vendendo seus sambas na praça Tiradentes. O sucesso não lhe interessava. Talvez por esse motivo, Nelson Cavaquinho tenha permanecido tanto tempo longe do grande público. Marginal do mundo artístico durante décadas, a despeito do seu reconhecido talento e de suas composições, que sempre misturaram na dose certa a cadência do morro e da cidade.
Pois quando Nelson Cavaquinho saía da Polícia Militar surgia como compositor com pretenções de sobreviver de sua arte, o cenário musical brasileiro sofria transformações. No final da década de 30, o rádio já estava consolidado como principal veículo de comunicação em massa. As programações estavam definidas, assim como os elencos das emissoras. Emplacar um gravação nas paradas de sucesso das principais estações era garantia de aumento nas vendas dos discos. Com o meio profissionalizado, a competição tornava-se cruel e conseguir um lugar ao sol era cada vez mais difícil.
Em 1943, o compositor teria sua primeira música gravada: Alcides Gerades, então um cantor iniciante, lançava Não Faça Vontade A Ela, num 78 rotações. Nos anos seguintes, Ciro Monteiro também gravaria algumas músicas de Nelson, mas sem grande êxito. Por que o compositor não tinha espaço para suas criações? Por que cantores não se interessavam por suas músicas? Um dos principais entraves encontrados pelo músico era sua inabilidade em lidar com o meio artístico.
As mudanças na estrutura das rádios eram complementadas por inovações na maneira de divulgação das músicas. Já ia longe a época em que os locutores diziam a famosa frase “encontra-se aqui em nossos estúdios”, geralmente para apresentar um intérprete que chegava à emissora para cantar a música preferida de seu público. A crescente influência americana – resultando da política de boa-vizinhança do período pré-Segunda Guerra Mundial – transformava de vem a música num produto a ser comercializado. As rádios não tocavam mais as composições preferidas do público mas, numa inversão de valores, aquelas que queriam levar ao sucesso.
Nesse contexto, para que uma música interessasse ao programador de uma emissora, era necessário que o intérprete ou o compositor se empenhasse em árduo trabalho de convencimento: era o início da caitituagem, expediente utilizado até os dias de hoje. No entanto, Nelson não era homem de se preocupar com esse tipo de coisa. Queria fazer sua arte, com sossego. Não levava jeito para correr atrás de divulgação. Tampouco tinha jeito para freqüentar os mesmos lugares da nata musical da época, como o Café Nice. Portanto, também não podia tornar-se amigo dos intérpretes da fama.
Afastado dos meios onde as pessoas que poderiam interessar-se por sua música se encontravam, Nelson mantinha seus sambas para os amigos, cantava-os em cada bar que parava, sempre disposto a uma conversinha ou mais musiquinha. Vivia de alguns biscates e da venda de suas composições. Um de seus parceiros, Mílton Amaral, também compositor e boêmio, costumava contar que, certa madrugada, fizeram um samba juntos. Alguns dias depois, quando foi à editora para assinar o contrato, qual não seria a surpresa ao constatar que era o 16° co-autor: Nelson já havia vendido a mesma música quatorze vezes.

Descobrimento no Zicartola

Nelson Cavaquinho era amigo de Cartola desde a época em que patrulhava o morro da Mangueira. No entanto, a partir de 1961, começaria a freqüentar com mais regularidade a casa do mangueirense e de sua mulher, Dona Zica. Estimuladas por cervejas e deliciosos quitutes, as reuniões atravessavam madrugadas e geravam novas composições. Aos poucos a casa da rua dos Andradas foi ficando pequena para tantos amigos. Surgia então, o restaurante Zicartola, na rua da Carioca.
No Zicartola, Nelson se esquecia da vida e dos problemas financeiros nas rodas de samba, em companhia de Zé Keti, Paulinho da Viola, Jair do Cavaquinho, Nescarzinho do Salgueiro, Oscar Bigode, Elton Medeiros, entre outros. O restaurante logo se tornaria reduto da música popular, indepandente da linha ou temática dos compositores. Animado com o clima amistoso do local, Nelson começaria a se apresentar para os clientes amigos do Cartola.
Para sua sorte, o destaque alcançado no Zicartola coincidia com um período muito favorável para sua música. Viviam-se tempos de forte organização política, especialmente dos movimentos estudantis. E o Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) empenhava-se em promover a revitalização das raízes da MPB, com apresentações dos velhos sambistas que aos poucos iam sendo redescobertos.
Ao mesmo tempo, a bossa nova passava por uma transformação e seus mais representativos integrantes voltavam sua atenção para o samba de morro, música por eles considerada a legítima brasileira. Em novembro de 1962, cada vez mais engajado no CPC, Carlos Lyra declarava: “O único caminho é o nacionalismo. Nacionalismo em música não é bairrismo”. Lyra seria um dos primeiros a organizar encontros em sua casa para reunir os velhos sambistas. A próxima seria Nara Leão: em 1965, a musa da bossa nova lançava um disco com composições de Cartola, Zé Keti e Nelson Cavaquinho.
O comportamento desligado de Nelson Cavaquinho ganhava fama entre os bossa-novistas. E o folclore em torno de seu nome aumentava. Corria uma história de que, certa noite, após tocar com Tom Jobim até o amanhecer, o sambista teria combinado um show conjunto. Ao saber da idéia, o produtor Jorge Coutinho quis acertar maiores detalhes. E Nelson responderia, espantado: “Tom?! Que tom? Dó maior?”

Um Grande do Samba

A notoriedade finalmente alcançava o compositor. De um momento para outro, sem que fizesse qualquer coisa diferente da que sempre fizera, Nelson Cavaquinho via sua obra ser valorizada não só pelos companheiros de boêmia, mas também pela Zona Sul intelectualizada. Era o ano de 1970 e essa “descoberta” lhe proporcionava a gravação do primeiro disco como cantor exclusivo, lançado pela gravadora Castelinho. Esse disco sairia prematuramente do mercado, após a falência da gravadora. Quatro anos antes, a cantora alagoana Telma Soares havia lançado um disco inteiramente dedicado às composições de Nelson, com produção de Sérgio Porto e arranjos de Radamés Gnatalli.
Depois disso, os convites para espetáculos aumentariam a cada dia. Em novembro de 1971, passaria a apresentar-se por muitos meses, todas as segundas-feiras, num evento intitulado Noitada de Samba. Sempre com o teatro cheio. No ano seguinte, era convidado para gravar mais um LP, desta vez pela RCA. Durante as gravações, realizadas em São Paulo, Nelson mostrava que a fama não o mudara: no segundo samba conseguia transformar o estúdio de gravação em autêntica roda de samba, aproveitando a ocasião para celebrar o encontro com a velha guarda paulista. E também não resistia à tentação de oferecer o resultado de seu trabalho para todos os amigos, alheio ao fato de que o disco deveria ser comercializado. Mais uma vez, para ele música era arte e prazer.
O terceiro LP de sua carreira viria em 1974, aos 63 anos. Era Nelson Cavaquinho, lançado pela Odeon, no qual o compositor aparecia pela primeira vez em público tocando o instrumento que lhe dera o apelido. Esse trabalho representava também a primeira gravação de Guilherme de Brito – parceiro constante de Nelson desde a década de 50 –, em dueto com o amigo em suas mais importantes composições. A Flor e O Espinho, Se Eu Sorrir, Quando Eu Me Chamar Saudade e Pranto de Poeta. Novamente com Guilherme, em 1977, Nelson participava do disco Quatro Grandes do Samba, ao lado ainda de Cadeia e Elton Medeiros.

O Descanso do Menestrel

Em 1980, Nelson Cavaquinho completava 69 anos. No entanto, seus amigos, olhando a data estampada em seus documentos (28 de outubro de 1910), estavam felizes em organizar os festejos de seus 70 anos. Sem poder beber (parara a algum tempo, por recomendações médicas) e meio sem jeito de explicar por que tinha, na verdade, um ano a menos do que constava em seus documentos, Nelson escaparia de todas as homenagens.
Mas não faria o mesmo no ano seguinte. Aposentado, de bem com a vida, recebendo regularmente algum dinheiro por conta dos direitos autorais de suas músicas, Nelson queria festejar o término de mais uma década de vida. “Também agora a situação financeira está melhorando. Antes, compositor era marginal. Ai da moça de família que se metesse com um tipo assim. Hoje tudo mudou. Tenho duas aposentadorias, uma como compositor, outra dada pelo governo. Mas houve um tempo em que ficava cantando, esperando que me dessem dinheiro para a condução. Defendia a vida com dificuldade.”
Um pouco mais gordo e aparentemente ótima saúde, Nelson aproveitava as comemorações pelos 70 anos para prever a chegada de mais composições com o parceiro Guilherme de Brito. “Sei que, no momento, quatro ou cindo músicas minhas por ano dão perfeitamente. Agora, não preciso trabalhar tanto e, na verdade, desde que parei com a bebida, tenho tido certa dificuldade para compor. Antigamente, tinha época que passava dias seguidos bebendo em um bar, sem ir para casa, aí dava vontade de fazer música a toda hora. E olha que vivia nessa batida desde o final da década de 30.” O menestrel tinha seu merecido descanso. Tranquilidade que podia ser quebrada a qualquer hora, para uma apresentação, ou para desfilar na comissão de frente da Mangueira.
No Carnaval de 1986, Nelson não desfilou. Já não se sentia tão bem quanto antes, vitima do que ele mesmo diagnosticava como “uma falta crônica de ar”. Cansava-se com facilidade. Esquecia-se das coisas. Já não passeava por aí, cantando sua liberdade e seus amores. Seus receios e suas dores.
“Em Mangueira, / Quando morre um poeta, todos choram. / Vivo tranquilo em Mangueira, / Porque sei que alguém há de chorar / Quando eu morrer / Em Mangueira, o pranto é tão diferente, / É um pranto sem lenço, que alegra a gente. / Hei de ter alguém para chorar por mim / Através de um pandeiro e um tamborim”, dizia uma de suas composições, Pranto do Poeta. Pois, poucos dias após os festejos de Momo, o morro chorou: a quadra da Estação Primeira de Mangueira cobria-se de luto pela morte de um de seus filhos queridos. No caixão envernizado, o compositor, coberto de flores, o rosto à mostra num sorriso tranquilo. E a bandeira da Verde-Rosa, na homenagem derradeira, símbolo da lágrima contida.

Permutas Musicais

Nas épocas difíceis, Nelson Cavaquinho não hesitava em vender a parceria de uma de suas músicas em troca de algum dinheiro para pagar dívidas. Por isso, quase todas as suas criações foram registradas por mais alguém, embora a maioria delas tenha sido feita somente por ele. Quem são co-autores reais? Impossível saber. O próprio Nelson não gostava de comentar o assunto. “Bem, era eu quem fazia tudo, mas na ocasião não pensei nada disso, como é que posso reclamar agora? Eles me auxiliaram muito, acho chato falar nisso, não estou reclamando, apenas dizendo o que é.”
Apesar disso, algumas histórias sobre essas vendas de parcerias feitas por Nelson Cavaquinho viriam a tornar-se lendárias. Cartola contumava contar, por exemplo, que Nelson vendeu uma música que os dois teriam composto juntos. E que, quando foi tirar satisfações, o mesmo teria explicado: “Cobrei só a metade, vendi só a minha parte”. O episódio era confirmado por Nelson, que acrescentava que a composição nunca tinha sido gravada. “Naquela época, tod mundo fazia isto e tem muita gente que se fez na vida comprando músicas dos outros. Eu era polícia e ganhava mal, o que podia fazer? Um dia eu estava num boteco na esquina da Riachuelo com a Frei Caneca, quando um sujeito me ofereceu comprar uma parceria. Eu não tinha nada pronto, não me lembrava e fiz um improviso em cima dessa minha música com Cartola. Pedi cinco mil-réis, que dava pra comer uma semana. O sujeito veio me procurar no dia seguinte: tinha esquecido a melodia. Eu disse que eu também e ficou por isso mesmo.”
Se esse música nunca seria gravada, o mesmo aconteceria com a outra parceria dos dois: Devia Ser Condenada, lançada na voz do próprio Nelson, apenas em 1985, no disco As Rosas Em Vida.
Uma olhada na lista dos parceiros de Nelson Cavaquinho pode revelar dados curiosos. Como o nome do quitandeiro que lhe vendia fiado ou o dono de um bar onde devia dinheiro. Um de seus mais constantes “parceiros”, no entanto, é César Brasil, proprietário de um velho hotel no centro do Rio de Janeiro e incapaz de compor um verso ou de tocar uma nota em qualquer instrumento. Como o destino fez de Nelson Cavaquinho um de seus hóspedes, também fez com que César Brasil entrasse para a história da música popular brasileira como co-autor de um dos mais belos sambas do violonista: Degraus da Vida. Parceria que lhe custou cerca de cem mil-réis.
Algumas das poucas parcerias reais de Nelson Cavaquinho seriam feitas com Mílton Amaral, Jair do Cavaquinho e Zé Keti. Com o último, comporia a música Meu Pecado. Infelizmente, para não contrariar a legislação de direito autoral vigente na época, apenas o nome de Zé Keti podia aparecer nos discos.

Intérpretes

Para Nelson Cavaquinho, a principal função de sua arte era a diversão e o prazer que ela podia proporcionar. Nunca teve jeito para batalhar a gravação de suas músicas. Por esse motivo, até ser “descoberto” no Zicartola, já nos anos 60, raros seriam os intérpretes a lançarem alguma composição de sua autoria. Apesar disso, nos anos 40, o nome do compositor (que na época assinava como N. Silva) começaria a aparecer em alguns discos de Ciro Monteiro. Em 1943, o cantor gravaria Apresenta-me Aquela Mulher e Não Te Dói A Consciência, em 1945, Aquele Bilhetinho e, no ano seguinte, Rugas.
E Ciro Monteiro não foi o primeiro. No final dos nos 30, Não Faça Vontade A Ela era gravada em edição particular pelo Alcides Gerardi. Por falta de divulgação, essa gravação chegaria ao rádio apenas em 1943, alcançando algum sucesso. No final da década de 40, Roberto Silva lançava o samba Notícia. Em 1961, esse mesmo cantor gravaria Degraus da Vida.
Graças à onda de revitalização do samba, em 1965, Nara Leão lançava Pranto de Poeta. E, na década de 70, Nelson Cavaquinho veria suas músicas gravadas por intérpretes de sucesso. Paulinho da Viola – admirador confesso do velho sambista – lançava Duas Horas da Manhã, e Chico Buarque, Cuidado Com A Outra. Clara Nunes gravaria Minha Festa, Tenha Paciência, o Bem e o Mal e Palhaço. Esta última composição já havia sido gravada por Dalva de Oliveira, em 1953.
Ainda na época em que Nelson frequentava o Zicartola, sempre que possível, uma mocinha ia assistir aos seus espetáculos: Beth Carvalho. Os dois seriam apresentados num bar da rua Lavradio, daqueles que Nelson passava horas, sempre com o violão a postos. Pois naquele dia ele conheceu a jovem fã e ficou muito impressionado ao perceber que ela conhecia muitoas de suas músicas de com “Até as menos divulgadas, coisa que nem gosta mesmo”, orgulhava-se a cantora. Nos anos 70, Beth seria uma das cantoras a emprestar sua voz para as criações do sambista, em Quero Alegria e Quando Eu Me Chamar Saudade.
Uma das primeiras composições de Nelson Cavaquinho, o choro Nair, seria gravada por Altamiro Carrilho e sua banda. Essa é uma das raras músicas em que o nome do compositor aparece sozinho. Outros intérpretes a lançarem criações de Nelson seriam Alcione, Miúcha, Telma Soares e Nelson Gonçalves.
Nelson Cavaquinho sempre registrou suas músicas com a co-autoria de muitas pessoas. No entanto, entre as centenas de nomes que podem figurar nessa lista, ninguém merece mais o título de parceiro do que Guilherme de Brito. Um mecânico de máquinas de calcular da Casa Edison, com quem Nelson criou as mais importantes composições de seu repertório, como A Flor e o Espinho, Folhas Secas, Pranto de Poeta, Degraus da Vida, Cinzas e Pecado.
“Eu levei três anos namorando a figura dele, ante que nos fizéssemos parceiros. Foi por volta de 50 ou 51, na praça Tiradentes de seus melhores tempos boêmios”, recordava Guilherme. “Como sou muito calado, ficava só olhando o Nelson, ouvindo-o e respeitando suas criações.” Todas as noites, quando voltava da Casa Edison, Guilherme encontrava Nelson nos bares, bebendo e cantando, rodeado pelos amigos. De manhã, saía para o trabalho, e o boêmio compositor ainda estava lá, festejando com os companheiros mais resistentes. Tornaram-se amigos.
Com Guilherme, Nelson Cavaquinho estabeleceria uma parceria de raro lirismo. Mas um lirismo amargo voltado paras as pequenas tragédias do cotidiano e para a efermidade da vida. Talvez o exemplo mais bem acabado desse estilo seja A Flor e o Espinho, composta durante uma madrugada, no meio de uma conversa em que Nelson contava seus problemas sentimentais para o amigo. Ouvindo atento e sensibilidade aguçada, Guilherme criaria os versos antológicos: “Tire seu sorriso do caminho / Que eu quero passar com a minha dor”.
Embora só tenha se tornado conhecido após a parceria com Nelson Guilherme de Brito já compunha há tempos. Só que, pouco divulgadas, suas criações não conseguiam gravação. Ademilde Fonseca e Roberto Silva chegaram a cantar algumas em programas de auditório, mas não em disco. “Acho que não gravavam porque não existia uma parte promocional das gravadoras. Quem fazia a promoção era o próprio compositor, que saía plas rádios fazendo caitituagem”, especulava Guilherme.
Por isso, sua primeira gravação aconteceria somente em 1954, quando Augusto Calheiros lançou um 78 rotações, com Meu Dilema e Audiência, ambas de sua autoria. “Quer dizer, demorei para começar, mas comecei bonito.”

História da Internet

A população virtual é hoje de mais de 179 milhões. Em menos de quatro anos será de muito mais de 545 milhões e haverá mais cibernautas do que computadores. Esta explosão vai gerar negócios de mais U$ 377 bilhões no próximo ano.
O número de Internautas é expressivo tanto no 1º Mundo quanto no 2º e 3º Mundos - 102 milhões nos EUA e no Canadá, 5,29 milhões na América Latina, 42,9 milhões na Europa, 1,14 milhão na África e 27,85 milhões na Ásia, Pácifico e Oriente Médio. (ZH 15.09.1999)

ACONTECIMENTO
1957
É criada, nos EUA, a Advanced Research Projects Agency. A ARPA buscou ser a pioneira no uso de novas tecnologias para fins militares.

1966
Ensaio inicial da Rede da ARPA, a Arpanet.

1969
Definidos quatro centros para instalação de projetos da ARPA em universidades.

1972
No mesmo ano em que a Arpanet é apresentada ao grande público, o primeiro e-mail é enviado.

1974
Estabelecido o Transmission Control Protocol (TCP), que habilita a comunicação por computadores via rede.

1975
Ainda nos padrões da Arpanet, surge a primeira lista de discussões por mensagens eletrônicas.

1980
Mais de 10 mil pessoas estão conectadas à Arpanet.

1985
Symbolics.com é o primeiro domínio registrado.

1986
A Arpanet está difundida e, quando passa a operar com mais vantagens, ganha um novo nome, INTERNET.

1987
As Bulletins Board Systems chegam a 4 mil. Com a BBS foi possível conectar um servidor distante por meio do telefone.

1988
O Chat, bate-pato eletrônico, ganha novo fôlego com a criação do IRC, Internet Relay Chat.

1991
Tim Berners Lee determina um novo padrão para a Internet, chamado de World Wide Web (WWW ou W3), que permitiu o acesso a algumas páginas eletrônicas.

1994
As páginas na Internet ficam mais populares e o Mosaic é o programa mais utilizado para o acesso. A rede começa ser utilizada para o comércio e a Pizza Hut (www.pizzahut.com.br) passa a aceitar pedidos eletrônicos.

1995
A Internet deixa o meio acadêmico. Experimentalmente, a Conex (www.conex.com.br) ofereceu acesso à rede para teste em Porto Alegre (Rio Grande do Sul - Brasil).

1996
O Software da Netscape se fixa como programa de navegação padrão da rede. Mais tarde cede lugar para o Internet Explorer da Microsoft. Os israelenses da Mirabilis criam o ICQ (www.icq.com).

1999
A guerra de Kosovo também é disputada no mundo virtual, com o corte das comunicações locais e união de pessoas na rede em prol da ajuda dos feridos no conflito.

2000
Ano do Bug do Milênio.

2001
A partir de 2000 existiriu um crescimento do acesso via cabo no país, além de áudio e video pela rede. Celulares, microondas, e tantos ou aparelhos imagináveis estão conectados à Internet, o que gerou uma explosão de internautas. Além do Cable Modem, existe outras tecnologia, como a conexão via Modem padrão ADSL, via celular, conexões diretamente por satélite e tantas outras formas de conectividade, o que aumentou consideravelmente o fluxo de dados via rede.

2008
A internet é o maior e mais completo acervo de dados quanto possível se possa imaginar, não tendo controle algum das autoridade, fugindo as normas aceitáveis da sociedade, com a pedofilia e outras abobinações. Tendo também um grande lado positivo levando a humanidade a informação direta e clara.

Acontecimentos Históricos

Antes mesmo do Rio Grande ter seu território incorporado ao território do País, antes da constituição do Municipio de Cacimbinhas, nossas coxilhas serviram de palco de embates de alto relevo na história; de cenário a diversos e memoráveis combates entre forças Portuguesas, Espanholas, Nativas, Revolucionárias e Imperialistas, entre outros que por aqui andaram. Foi no território de Cacimbinhas, antigo 4° Distrito de Piratini, que se fere a memorável Batalha do Seival, em que a 10 de setembro de 1836, os Farrapos derrotaram fragorosamente os Imperiais; é também no 4° Distrito de Piratini, que às margens do Jaguarão, em campos de Menezes, que é Proclamada a República Rio Grandense por Antônio de Souza Neto, também territótio de Cacimbinhas.
Começamos pelo Século XVI, quando comissários ao comando de Cristovam Pereira de Abreu, primeiramente, e depois sob as ordens de Manuel Macedo, acompanhavam a conquista e a posse do território do Sul, que teve as suas fronteiras flutuantes, como foram, sujeitas a combates de Portugueses e Espanhóis contra os Guaranis, nativos influenciados por missionários Jesuítas.
Mais tarde encontramos os resíduos, das Campanhas Cisplatinas, sem comentarmos mais o Decênio Farroupilha e Guerra do Paraguai.
Já no Regime Republicano este mesmo solo Cacimbinhense viu-se mais uma vez no cenário das revoluções que ensangüentaram o solo pátrio, por longos períodos da vida política do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Vários lugares do território do Município de Pinheiro Machado, são hoje marcos que relembram os acontecimentos que marcaram época em nossos antepassados e as façanhas de ações dos coetâneos que lavraram nossa história.
Cerro da Guarda Velha, na Serra do Velleda, que remonta ao longínquo 13 de fevereiro do ano de 1750 – Tratado de Madri, nos recorda, ainda hoje, com seu “Monumento Histórico”.
Recorda e dá autenticidade dos entreveros de nossos ancestrais na defesa do torrão que é hoje desta terra, e marca, sem dúvida, uma época, em que era defendido so limites fronteiriços do território Português-Espanhol no Brasil, bem como seus litígios com os Missioneiros inconformados.
O combate de Pedras Altas, a 25 de maio de 1827, onde brasileiros comandados pelo Cel. Izá Calderon, numa grande vitória, derrotaram as forças comandada pelo General Argentino “Lavalle”, é outro Monumento Histórico que vive em nossa história.
Já no decênio Farroupilha, a 4 de janeiro de 1837, o Brigadeiro Bento Manoel Ribeiro em sucessivos combates na encosta da Serra do Velleda e às margens dos Candiotinha, derrota as forças do General Antônio de Souza Neto, sendo este perseguido pelas forças imperiais até o Passo do Salso, no Jaguarão, onde atravessando a fronteira se homiziou no Uruguai.
O majestoso e imponente Cerro dos Porongos, sentinela viva e autêntica deste território, ele, como marco, colocado pela natureza, hoje com o marco Histórico colocado pelos que prezam suas raízes, nos relembra os embates violentos ali ocorrido a 14 de novembro de 1844, quando David Canabarro é derrotado e suas forças destroçadas pelas forças Imperiais sob o comando do Coronel Francisco Pedro de Abreu, o “Barão de Jacuí”.
Dois dias após, a 16 de novembro, às margens esquerda do Arroio Candiota, fere-se violenta batalha campal em que as forças sob o comando do Cel. Francisco Pedro de Abreu mais uma vez derrota as forças revolucionparias, estas sob o comando do Cel. Republicano Antônio M. Amaral.
A 19 de março de 1844, a força farroupilha sob o comando do Cel. Fidellis Vas, derrota as forças Imperiais no Vale do Arroio Candiotinha, nos campos dos Fagundes.
Já em pleno Regime Republicano, na sede do Município, em dezembro de 1894, o Cel. Guerreiro Vitória trava sangrento combate com as forças Legalistas que guarneciam a Vila, sob o comando do Cel. João Pereira Madruga, havendo um saldo de grandes baixas em ambas as forças e, rumando daqui para Piratini onde a ocupa, e após três dias, toma também Canguçu.
Mais tarde na Revolução de 1923, em 29 de maio os Generais rebeldes Estácio Azambuja e José Antônio Neto, tomam a cidade, depois de ter combatido e vencido as forças do Governo, no Passo dos Enforcados. Em 5 de junho do mesmo ano, forças sob o comando do Coronel Governista Hipólito Ribeiro Junior, ocupa a cidade, vindo, posterirmente, cair novamente na ocupação do Capitão rebelde Gervásio Ramão Velleda que se aquartela ao final da Revoluçao.
Finalmente a 14 de dezembro de 1923, no Castelo de Pedras Altas – Estância de Joaquim Francisco de Assis Brasil, é firmado o tratado de paz que deu por fim a Revolução de 1923, tratado esque foi firmado de um lado por Assis Brasil, representante dos Revolucionários, e pelo outro lado, o Marechal Setembrino de Carvalho – Ministro da Guerra na época e enviado ao Sul pelo Presidente da República, pondo com este acontecimento histórico fim ao movimento revolucionário. Este acordo firmado no Castelo de Pedras Altas, fora precedido de entendimentos com o Presidente do Estado, Dr. Antõnio Augusto Borges de Medeiros, e posteriormente ratificado pelo Presidente da República.
O destino ainda havia reservado a Pinheiro Machado, ter um registro Histórico-Revolucionário dos de maior relevância na sua História.
Na Revolução de 1932, depois dos fracassos sofridos por Borges de Medeiros e Batista Luzardo, nas negociações realizadas em Santa Maria, os mesmos organizaram suas forças revolucionárias, na Estância de Francisco dos Reis Macedo, no Município de Caçapava do Sul.
Organizada a coluna, a 18 de setembro, deixaram Caçapava, adentrando pela balsa do Camaquã no Município de Pinheiro Machado, e costeando mais ou menos aquele rio, águas abaixo, entrou em Piratini, pelo Passo Barbosa, também chamado de Passo Real do Arroio Grande (hoje Boici), indo acampar na Estância da Maria Joana, de propriedade de Nicanor Barbosa.
A 20 de setembro de 1932, dando mais uma coincidência de data para o Município de Piratini, fere-se na aludida estância o chamado combate do Cerro Alegre, onde as forças de Borges de Medeiros são destroçadas, vencidas, e aprisionado Borges e alguns companheiros por grande número deles tiveram oportunidade de fugir.
Borges, preso no Cerro Alegre, ruma a Estação de Pedras Altas para pegar o trem em 21 de Setembro, mais ou menos pelas 16:00 horas; passa escoltado por Pinheiro Machado, refeicionado na casa residencial do Major Galdino Bueno e Silva, então Intendente do Município, cuja casa esta localizada na Rua Nico de Oliveira, esquina com a Rua Israel Azambuja, N° 859.
Antes do domínio Português desta terra, antes das República, todos os movimentos armados, todas as revoluções fraticídas, passaram e deixaram o testemunho no território de Pinheiro Machado e com suas rajadas de morte ceifaram vidas; acordaram com silvo das balas os idealistas adormecidos e os encaminharam para lutas em defesa de seus ideais.
Constitui-se, sem sombra de dúvida, uma das maiores e grandiosas páginas da História de Pinheiro Machado, a conquista do Centro de Miss Rio Grande do Sul por Marlene Peterle Silveira Rosa, que alcançou o galardão máximo da beleza gaúcha, conquistado a 3 de junho de 1979 no Ginásio Presidente Médice e, Bagé, na 25º Edição do Concurso promovido pelos Diários Associados em seu jubileu de prata.

Górgias de Leontini: o grande orador

Górgias de Leontini (487 – 380 a. C., aproximadamente), considerado um dos maiores oradores da Antigüidade, aprofundou o subjetivismo relativista de Protagoras a ponto de defender o ceticismo absoluto. Afirma que:
a. nada existia;
b. se existisse, não poderia ser conhecido;
c. mesmo que fosse conhecido, não poderia ser comunicado a ninguém.

Protágoras de Abdera : o homem como medida

Nascido em Abdera, cidade litorânea entre a Macedônia e a Trácia, Protágoras (480 – 410 a.C.) é considerado o primeiro e um dos mais importantes sofistas. Ensinou por muito tempo em Atenas, tendo como princípio básico de sua doutrina a idéia de que o homem é a medida de tudo o que existe.
Conforme essa concepção, todas as coisas são relativas às disposições do homem, isto é, o mundo é o que o homem constrói e destrói. Por isso não haveria verdades absolutas. Toda verdade seria relativa a um determinado homem, grupo de homens ou sociedade.
A filosofia de Protágoras sofreu críticas em seu tempo por dar margem a um grande subjetivismo: tal coisa é verdadeira. Assim, qualquer tese poderia ser encarada como falsa ou verdadeira, dependendo do ponto de vista de cada pessoa.

Getulio Vargas

O que representou a "última cartada" política?

O suicídio de Getúlio
O torpor tomou conta do Brasil a partir da edição extra do Repórter Esso. As escolas foram liberando os alunos, o comércio fechando e as fábricas desligando as máquinas. As pessoas caminhavam tontas pelas ruas. Os jipes desobedeciam os sinais à frente de comboios dos quais desembarcavam às pressas soldados para apontar metralhadoras contra locais de maior ajuntamento. Getúlio Vargas estava morto.
Era o desfecho sangrento do drama que o país acompanhava pelo rádio e diante das bancas de jornais. Impotentes para reagir, as multidões dispersas pelas ameaças voltavam a se formar a alguns metros adiante para chorar. Com o sacrifício de Getúlio Vargas - o povo sabia disso embora não pudesse fazer nada -, não desaparecia apenas um governante popular, eleito contra a vontade das elites que em vão, nas eleições de 3 de outubro de 1950, tentaram impingir os candidatos de seu agrado. Não era somente o presidente idolatrado que fora derrubado e, no desespero, se auto-imolou.
A auto-imolação do presidente impediu que os conspiradores da direita completassem o golpe mas não evitou que fosse preparando outro, mais eficaz, contra seu herdeiro, quando fosse a hora. Junto com Vargas, foi ferido de morte também um modelo de desenvolvimento que era o grande alvo das manobras de desestabilização de seu governo.
Desenvolvimento autônomo, comprometido com a distribuição de renda e com a independência econômica do país. Empenhado em estancar a sangria das remessas abusivas de lucros ao exterior e em preservar a soberania nacional. 24 de agosto passou a ser data de luto popular e também dia nacional de conscientização para a luta de libertação do Brasil, profetizada pela Carta Testamento. A mensagem final de Vargas sinaliza os caminhos para o Brasil se reencontrar com seu destino de nação soberana, com desenvolvimento próprio e equilíbrio social.
O Brasil de antes, o Brasil pré-Revolução de 30 era um país agrícola, com um governo fraco, um Estado arcaico e um povo sem direitos individuais e sociais.
A República banira a monarquia 40 anos antes mas envelhecera precocemente, esgotada pelos apetites das oligarquias regionais. O presidente saía de um pacto entre os grandes Estados, para servir aos barões do latifúndio. O eleitor - as mulheres não votavam - não tinha outro direito senão o de assinar embaixo na chapa dos coronéis donos de currais políticos.
A primeira sacudida nas estruturas obsoletas da República Velha aconteceu nas greves de 1917, seguidas pelos levantes tenentistas. Getúlio Vargas, vindo do Rio Grande do Sul, que conseguira pacificar depois de décadas de lutas fraticidas, assume o governo com a
deposição de Washington Luiz. A fraude nas eleições de 1930 aguçara o grande descontentamento nacional que os revolucionários souberam canalizar. No poder, Vargas, o líder da Revolução, lança as bases de um programa de industrialização e reestrutura o serviço público.
Com ele, o Brasil entra realmente no século 20. Renegocia a dívida externa, impulsiona as economias regionais por meio de uma rede de institutos (café, cacau, açúcar, pinho) e superintendências (marinha mercante, borracha), implanta o sistema de departamentos (DNOS, DNOCS). Remodela o ensino público e institui a Previdência Social, que complementa com uma avançada legislação social. Regulamenta a jornada de 8 horas, cria o salário mínimo e a Justiça do Trabalho, paralela ao Ministério do Trabalho, para mediar os conflitos capital x trabalho.
É no governo Getúlio Vargas que vem à tona a consciência de cidadania, não mais como sentimento abstrato de vagos direitos individuais mas como percepção nítida de um lugar na sociedade.
Volta Redonda simboliza o suporte de toda a industrialização pesada que, nas décadas seguintes deslocará a economia do campo para a cidade.
As leis trabalhistas (CLT) são, na prática, a constituição que assegura o direito de ser alguém, com salário em carteira, horário para trabalhar, férias, médico e dentista e pensão na velhice. O acesso à cidadania por si só explica a popularidade.
Bate-se pela criação do monopólio do petróleo (Petrobrás) e pelo controle das remessas de lucros ao exterior. Sob constante ataque da reação, veio perdendo apoio, até ser encurralado no Catete.
Getúlio foi, pelo tempo que governou (19 anos) e pela obra deixada (legislação trabalhista, montagem do Estado Nacional, indústria de base...), o principal estadista brasileiro. Getúlio Vargas, Pai dos Pobres, O Chefe, O Homem, nasceu em São Borja, no Rio Grande do Sul, no ano de 1883, numa família de estrangeiros, e matou-se em 1954. Sua carta-despedida, que dá suas razões para o gesto extremo. O quarto e a cama continuam como no dia da tragédia e expostos no Museu Getúlio Vargas.

O que significou a política de Vargas para o Brasil naquele momento histórico?

Os feitos de Getúlio
Logo após a vitória na Revolução de 1930, estruturou o Governo Federal com seus companheiros de luta, como Oswaldo Aranha e Lindolfo Collor, aos quais se juntaram mais tarde Francisco Campos, Gustavo Capanema, Pedro Ernesto e outros.
Colocou no governo, também, seus aliados militares - Juarez Távora, João Alberto, Estilac Leal, Juracy Magalhães, entregando a eles, na qualidade de interventores, o governo de vários estados e importantes funções civis.
Só faltaram dois heróis do tenentismo: Luís Carlos Prestes, porque havia aderido, meses antes, ao marxismo soviético, e Siqueira Campos, que morreu num acidente durante a conspiração.
O Governo Revolucionário criou o Ministério da Educação e Saúde, entregue a Chico Campos, fundou a Universidade do Brasil e regulamentou o ensino médio, em bases que duraram décadas.
Criou, simultaneamente, o Ministério do Trabalho, entregue a Lindolfo Collor, que promulga, nos anos seguintes, a legislação trabalhista de base, unificada depois na CLT, até hoje vigente. O direito de sindicalizar-se e de fazer greve, o sindicato único e o imposto sindical que o manteria. As férias pagas. O salário mínimo. A indenização por tempo de serviço e a estabilidade no emprego. O sábado livre. A jornada de 8 horas. Igualdade de salários para ambos os sexos.
Getúlio inspirou-se, para tanto, no positivismo de Comte, que já orientava a política trabalhista dos gaúchos, do Uruguai e da Argentina.
Oswaldo Aranha, à frente do Ministério da Fazenda, reorganizou as finanças, revalorizou a moeda nacional e negociou a velha e onerosa dívida externa com os ingleses, em bases favoráveis ao Brasil.
Guerra de ideologias - Dois anos depois da revolução vitoriosa, Getúlio enfrentou e venceu a contra-revolução cartola, que estourou em São Paulo, defendendo a restauração da velha ordem em nome da democracia. (Revolução Constitucionalista de 32)
Em 1934, convocou e instalou uma Assembléia Constituinte que aprovou uma nova Constituição, inspirada na de Weimar. Com base nela, foi eleito Presidente Constitucional do Brasil. Getúlio teve que enfrentar, desde então, a projeção sobre o Brasil das ideologias que se digladiavam no mundo, preparando-se para se enfrentarem numa guerra total. De um lado, os fascistas de Mussolini, que se apoderaram da Itália, e os nazistas de Hitler, que reativaram a Alemanha, preparando-se para se espraiarem sobre o mundo. Do lado oposto, os comunistas, comandados desde a União Soviética, com iguais ambições. A direita se organizou aqui com o Partido Integralista, que cresceu e ganhou força nas classes médias, principalmente na jovem oficialidade das forças armadas.
Os comunistas começaram a atuar nos sindicatos, estendendo sua influência nos quartéis. Ampliaram rapidamente sua ação, através da Aliança Nacional Libertadora, que atraiu toda a esquerda democrática e antifascista. Os comunistas conseguiram de Moscou, que apoiava uma política de aliança com todos os antifascistas do mundo, que abrisse uma exceção para o Brasil, na crença de que aqui seria fácil conquistar o poder, em razão do imenso prestígio popular de Prestes .
Desencadearam a intentona, em 1935, que foi um desastre. Não só desarticulou e destroçou o Partido Comunista, mas também provocou imensa onda de repressão sobre todos os democratas, com prisões, torturas, exílios e assassinatos. O resultado principal da quartelada foi fortalecer enormemente os integralistas, abrindo-lhes amplas áreas de apoio em muitas camadas da população, o que lhes permitiu realizar grandes manifestações públicas, marchas de camisas verdes, apelando para toda sorte de propaganda, a fim de eleger Plínio Salgado Presidente da República. Getúlio terminou por dissolver o Partido Integralista, assumindo, ele próprio, o papel de Chefe de um Estado Novo, de natureza autoritária. Quebrou o separatismo isolacionista dos estados, centralizando o poder e ensejando o sentido de brasilidade.

Carta-testamento
"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço de seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história."

Platão de Atenas

Filósofo grego (429 – 347 a.C.), Nascido em Atenas, teve esmerada educação e bem cedo dominou a cultura da época. Discípulo de Sócrates. Mestre de Aristóteles, escreveu os célebres diálogos Criton, a Apologia de Sócrates, Fedon, Timeu, Fedro, Górgias, O Banquete, A República, As Leis, etc; onde está exposta a filosofia de Sócrates, muito provavelmente completada e trasnformada em sistema. A sua filosofia, que tem como método a dialética, tem por coroamento a teoria das idéias; a verdade, objeto da ciência, não está nos fenômenos particulares e passageiros, mas nas idéias, tipos puros de cada grupo de sete: no ponto mais elevado está a idéia do bem. Em política, submete ao soldado representante da coragem, as artes que servem a vida sensível; mas finalmente, tudo deve obedecer ao filósofo. Vivendo num tempo em que a liberdade civil era desconhecida, Platão conservou na sua república ideal uma autoridade absoluta e consagrou-se ainda a fortifica-la. Foi reformador em querer essa autoridade nas mãos de homens que governassem pela razão, tendo em vista o bem O platonismo, que exerce enorme influência sobre Aristóteles, os estóicos, Cícero, Plutarco, os neoplatônicos, os padres da Igreja, os primeiros escoláticos, a filosofia e poesia na Renascença e nos tempos modernos, foi o primeiro sistema completo e espiritualista produzido pelo pensamento humano, e ficou sendo um dos maiores. Platão foi levado a ele pelo ensino de Sócrates, com quem aprendeu a procurar a razão das coisas num princípio inteligente e moral.

Aristóteles de Estagira

Nascido em Estagira, na Macedônia, (foi por isso chamado o estagerita) Aristóteles (384 – 322 a.C.) foi um dos mais importantes filósofos gregos da Antigüidade. Há informações de que teria escrito mais de uma centena de obras sobre os mais variados temas, das quais restaram 47, embora nem todas de autenticidade comprovada. Desempenhou extraordinário papel na organização do saber grego, acrescentando-lhe sua genial contribuição, que influenciou, decisivamente, a história do pensamento ocidental.
Filho de Nicômaco, médico do rei da Macedônia, provavelmente herdou do pai o interesse pelas ciências naturais, que se revelaria posteriormente em sua obra. Aos dezoito anos foi para Atenas e ingressou na Academia de Platão, onde permaneceu cerca de vinte anos, tendo uma atuação crescentemente expressiva. Com a morte de Platão, a destacada competência de Aristóteles o qualificava para assumir a direção da Academia. Seu nome, entretanto, foi preterido por ser considerado estrangeiro pelos atenienses.
Decepcionado com o episódio, deixou a Academia e partiu para Assos, na Mísia, Ásia Menor, onde permaneceu até 345 a.C. Pouco tempo depois foi convidado por Felipe II, rei da Macedônia, para ser professor de seu filho Alexandre. O relacionamento de Aristóteles e Alexandre foi interrompido quando este assumiu a direção do Império Macedônico, em 340 a.C.
Por volta de 335 a.C., Aristóteles regressou a Atenas, fundado sua própria escola filosófica, que passou a ser conhecida como Liceu, em homenagem ao deus Apolo Lúcio. Nesse local permaneceu ensinando durante aproximadamente doze anos.
Em 323 a.C., após a morte de Alexandre, os sentimentos anti-macedônicos ganharam grande intensidade em Atenas. Devido a sua notória ligação com a corte macedônica, Aristóteles passou a ser perseguido. Foi então que decidiu abandonar Atenas, dizendo querer evitar que os atenienses “pecassem duas vezes contra a filosofia” (a primeira vez teria sido com Sócrates).
Apaixonado pela biologia, dedicou inúmeros estudos à observação da natureza e à classificação dos seres vivos. Tendo em vista a elaboração de uma visão científica da realidade, desenvolveu a lógica para servir de ferramenta do raciocínio.
Acusado de impiedade, por Ter dedicado a memória de seus falecidos sogro e esposa honras que eram divididas somente a deusa Ores, foi condenado a morte pelo areópago.
Antes porém de executada a sentença, morrei segundo alguns historiadores de morte natural segundo outro, pela ingestão de veneno, em 322 a.C. Considerado o maior metafísico e lógico de todos os tempos, foi discípulo de Platão e preceptor de Alexandre Magno (342). Fundou no Liceu de Atenas a Escola denominada perepatética (Aristóteles dava suas lições passeando). Sua lógica (Orgamon) instrumento para o correto pensar é considerava (inclusive por Kant) obra absolutamente consumada em seu gênero, a qual nada se ajuntou de novo através do século. Sua metafísica estuda os primeiros princípios e as causas primeiras: prova existência de Deus pela origem do movimento (tudo o que se move é animado por uma fonte de movimento anterior, até um primeiro motor, um ser imóvel, eterno, ato puro origem eterna de todas as coisas). Em Psicologia ensina que a alma é o princípio de todos os fenômenos vitais. Em Cosmologia distingue matéria e forma, princípio de toda filosofia escolástica. Na ética de Necômaco ensina que o fim supremo do homem é o desenvolvimento de sua inteligência e a felicidade pela prática de virtude. Segundo a sua política, o homem é um ser social eminentemente gregário, conceito básico da sociologia desenvolvido por Augusto Comte nos tempos modernos. O aristotelismo foi a principal fonte de orientação para o pensamento, da Europa Ocidental, durante cerca de dois milênios.

Sócrates de Atenas

Filósofo grego do século V a.C. (cerca de 470 – 399 a. C.) filho do escultor Sofronisco e da parteira Fenareta, nasceu e viveu nas cercanias de Atenas, onde desposou Xantipa, mulher de gênio irascível que hostilizava o marido e lhe desdenhava a filosofia (mas que permaneceu ao seu lado até o último instante e lhe chorou a morte, justamente com os três filhos que lhes dera). Dele escreve um historiador: “Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, ou pelo menos nada deixou escrito. Como ele, morreu a morte dos criminosos (ao passo que Jesus foi crucificado, Sócrates foi obrigado a ingerir cicuta), vítima do fantimos por ter atacado crianças tradicionais e posto a verdadeira virtude acima da hipocrisia e da ilusão dos formalismos. Assim como Jesus foi acusado pelos fariseus do seu tempo – pois que os têm havido em todas as épocas – de corromper a juventude, ao proclamar o dogma da unicidade de Deus, da imortalidade da alma e da vida futura. Da mesma maneira que hoje conhecemos a doutrina de Jesus apenas pelos escritos dos seus discípulos, só conhecemos a de Sócrates pelos escritos do seu discípulo “Platão”. Desses escritos o principal é o intitulado Apologia de Sócrates. A sua divisa era: conhece-te a ti mesmo. Só este conhecimento poderá constituir uma ciência que há de ensinar os homens a praticar o bem, a administrar bem os negócios da cidade assim com os seus próprios. O método que usou foi o do diálogo, que desenvolve as verdades comuns a todos os espíritos. O diálogo comporta a ironia, que liberta o espírito dos erros, a maiêutica, que obriga a reconhecer a verdade quem si mesmo existe, tirando-o seu íntimo como o ventre de quem vai nascer. A indução que se eleva a observações, das mais simples as mais ousadas generalizações, e a definição, que nos dá o âmago das coisas e a sua razão de ser, completa o método socrático. Indiferentemente dos problemas. Física, dedicou-se a moral e quis instruir os ignorantes, para torna-los bons a virtude era o seu objetivo e por isso dizia: “Fiz descer do céu a Terra a filosofia”. Monoteísta, para ele Deus era eterno e imenso. “Ele vê ao mesmo tempo todas as coisas, ouve tudo, está presente em toda parte, e vela sobre tudo ao mesmo tempo.”
Sócrates cria de tal maneira na providência divina que chegava a admitir uma comunicação mais ou menos direta de certos homens com a divindade: Admitia a possibilidade de uma inspiração de uma voz íntima capaz de nos dar o pressentimento do futuro: e era isso que ele chamava a sua voz divina, e que se designa vulgarmente sob o nome de demônio de Sócrates.